segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O poeta Balaio que muito nos orgulha.

2009 - O ANO QUE NÃO ACABOU

(Joãozinho Ribeiro)

Final de temporada, ano findo. Feitas as contas, a impressão que temos é que estão faltando muitas delas a serem acertadas; seja pela falta de tempo e perplexidade dos protagonistas, seja pelas novas exigências de respostas aos acontecimentos e às mudanças, prenunciadas por Sidarta Gautama – o Buda – como as únicas coisas permanentes no mundo.

A retrospectiva 2009 no Estado do Maranhão pode ser elaborada sob vários aspectos e enfoques – econômicos, culturais, políticos, administrativos, etc. De qualquer ângulo que se aprume a vista e o pensamento, ressalta de uma considerável distância a cassação do mandato do Governador eleito, Jackson Lago, como o fato mais relevante que atingiu duramente a todos nós maranhenses, até mesmo aqueles que, no primeiro momento, se acharam beneficiados com o acontecido.

Digo isso, não só pelo inédito e estapafúrdio rito judicial com que foi executado, como pelos acertos de contas que permanecem pendentes, resultantes das desconstruções de alguns agrupamentos político-eleitoreiros por um lado; e de outro, pelas explícitas e visíveis dificuldades dos neo-governistas de consolidarem novos blocos de ajuntamentos políticos, e pela indefinição, como um todo, da(s) nova(s) frente(s) de oposição a ser(em) ou não formada(s).

Uma prova contundente é a formação do governo atual que até agora não se consolidou e já se prepara para a dissolução, com a saída de importantes secretários-candidatos, que entraram com prazos de validade já anunciados na administração “de volta ao trabalho”, como são os casos dos deputados Gastão Vieira e Valdir Maranhão no plano federal; de Raimundo Cutrim, Ricardo Murad e César Pires, no estadual.

Independentemente de posicionamentos políticos ou ideológicos, esta é uma constatação inequívoca da paralisia administrativa e da descontinuidade de ações, programas e projetos, que naturalmente acontecem em virtude de rupturas administrativas de mandatos de governantes que atingiram a marca da metade do combinado, e que se agravam quando os sucessores optam por ignorar obras iniciadas, serviços contratados, e se pautam até o final de suas gestões em tentar, inutilmente, inventar a roda e zerar a história.

Tudo isso acontece num contexto de penúria em que mergulhou a imensa maioria dos municípios maranhenses, castigados pelas implacáveis enchentes que fizeram transbordar os principais rios do estado, produzindo um contingente numeroso de desabrigados que, se desapareceram das principais manchetes dos jornais da globo e da mirante, não foram subtraídos da cruel geografia humana que continua a contabilizá-los todos os dias.

Portanto, não há motivos para comemorações desmesuradas nos planos social e econômico, cuja situação só não foi mais agravada em virtude das acertadas políticas sociais e medidas econômicas implementadas pelo Governo Federal, diante da gigantesca crise financeira que abalou os alicerces do sistema capitalista mundial.

Os avanços realizados nas gestões José Reinaldo e Jackson Lago, recentemente confirmados pelos indicadores levantados pelo IBGE e pelo IMESC, não foram suficientes para superar a “década perdida dos anos 90”, assim descrita, com todas as letras, pelo atual Secretário de Planejamento, Gastão Vieira. A década que se avizinha se apresenta como a “Década das Incertezas”, considerando o conjunto de questões que se encontram envolvidas, pois nem de um lado nem de outro as certezas estão dadas.

A nosotros sobressai-se a necessidade de uma urgente e correta concertação entre as forças oposicionistas do estado, sob pena da História, aquela mesma dos versos do poeta cubano Pablo Milanez, atropelar indiferente todos aqueles que a negarem e renegarem. Disso todos temos certeza, e ela - a História - é sempre implacável diante dos rancores, das vacilações e omissões dos sujeitos que a constroem com os seus respectivos atos.

A sensação que nos acomete é a de que 2009 não terminará no próximo dia 31 de dezembro, acompanhando o desfecho da ordem natural dos dias. O calendário de ajustes políticos e administrativos perdurará, atravessando o foguetório do réveillon, e a maldição dos tempos não será eliminada simplesmente com frangos de despachos ou rezas brabas.

Será preciso muito mais empenho e astúcia; intenções e gestos maduros dos homens e mulheres que não traíram seus sonhos e continuam acreditando num Maranhão que seja fruto do trabalho como a única forma de construção de riqueza humana.

De qualquer forma, do fundo do coração, um Feliz 2010!

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