domingo, 23 de maio de 2010

Professor da Universidade de São Carlos Profº Marco Villa condena processo eleitoral contaminado pelo Presidente Lula

''Dilma não consegue caminhar com as próprias pernas''
Marco Antonio Villa Professor da Universidade Federal de São Carlos


O presidente Lula está interferindo diretamente no processo eleitoral e vai continuar a fazê-lo, porque a candidata que escolheu não tem forças para andar sozinha. Essa é a opinião do historiador Marco Antonio Villa, professor da área de ciências sociais da Universidade Federal de São Carlos.

Como o senhor vê o fato de o presidente já ter sido multado quatro vezes?

É uma situação grave. Indica que a multa não está tendo o efeito pedagógico almejado e que, em algum momento, será necessário outro tipo de ação. Usando a linguagem esportiva, cara ao presidente, diria que está entrando duro, com faltas graves, e só recebendo advertências verbais. Nem cartão amarelo dão. Se dessem, já teria sido expulso do jogo.

Por qual motivo ele estaria se expondo dessa maneira?

Porque sabe que a candidata que escolheu não consegue caminhar com as próprias pernas. Se for deixada sozinha, perde as eleições. Lula sabe que não é suficiente dizer que a apoia. Tem que fazer muito mais - e esse muito mais viola a legislação. Ora, Justiça Eleitoral e os eleitores não têm culpa se a candidata não tem condições de vencer as eleições com as próprias pernas.

Qual seria o comportamento adequado para o presidente?

Mesmo tendo candidato de sua preferência, o presidente não pode interferir diretamente no processo. Tem que agir como um magistrado, como ocorre em outros países. Nos Estados Unidos, o democrata Bill Clinton apresentou Al Gore a todo o país como seu candidato, mas não interferiu diretamente. O mesmo aconteceu com o republicano George W. Bush. Precisamos aprender esse caminho. O Lula não é presidente apenas dos eleitores de sua candidata.

A disputa eleitoral está apenas começando. O senhor acha que os erros podem aumentar?

Sem dúvida. Esse clima morno de campanha vai desaparecer depois do dia 11 de junho. O meu maior receio é que o exemplo do presidente acabe contaminando todo o processo eleitoral. Um governador ou um prefeito pode passar a agir da mesma forma - depois de verificar que o custo é muito baixo diante do que se pode ganhar. Esse comportamento do presidente é novo e pode ser repetido por aí. Acho estranho o presidente receber essas multas, das quais ele desdenha, depois de termos visto a severidade com que a Justiça Eleitoral agiu no Maranhão. O governador Jackson Lago foi atingido por um golpe de estado da Justiça, praticado em nome de um erro de gravidade muito menor.

O presidente já disse que fará campanha por sua candidata apenas nos fins de semana.

Isso é impossível. Ele é presidente também nos fins de semana e ninguém separa a figura do presidente da figura do cidadão. O problema não é o horário e o dia de campanha, mas sim a própria campanha.

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