CAMINHOS DAS OPOSIÇÕES EM 2010
Haroldo Saboia
Os debates em torno das diferentes táticas das oposições estão cada vez mais acirrados com a proximidade do quatro de outubro, prazo final de filiação partidária para as eleições de 2010.
Duas questões estão no centro de todas as elaborações teóricas e dividem diferentes campos oposicionistas. Lançar vários nomes ou apresentar uma única candidatura ao governo do Estado? Em outras palavras, buscar derrotar a Oligarquia logo no primeiro turno ou, com vários candidatos, levar as eleições pra o segundo turno? E o Senado, para o qual duas vagas serão preenchidas em um único turno eleitoral, o que e como fazer?
Como vemos são opções difíceis, que exigem das lideranças oposicionistas maturidade e coragem políticas. Antes de tudo, trata-se de, sem delongas, buscar o natural.
Após o golpe pela via judicial que afastou o governador eleito e deu posse à candidata derrotada, qual é o caminho a ser seguido? Entre os mais variados nomes colocados, quais aqueles que despontam naturalmente?
A resposta é simples. Para o governo do Estado é o daquele que, eleito pela vontade popular, teve seu mandato cassado: Jackson Lago.
E para o Senado, embora sejam duas vagas, é inegável, penso, que as oposições dispõem de um único nome natural, o de José Reinaldo Tavares. Enquanto governador, José Reinaldo rompeu com a Oligarquia Sarney, aceitou permanecer no cargo até o último dia de mandato, gesto decisivo pra a vitória da Frente de Libertação do Maranhão. Ninguém duvida que, fosse outro o seu comportamento, se tivesse aceitado os múltiplos acenos dos oligarcas, estaria hoje confortavelmente no Senado da República.
Jackson, candidato ao Governo, e José Reinaldo, ao Senado, juntos, poderiam com tranquilidade compor o restante da chapa considerando a pluralidade ideológica da sociedade, os movimentos sociais, os diversos partidos políticos e o peso das diferentes regiões do Estado.
Nada mais simples! Nada mais simples se não fosse o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade...
“No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra.”
E que pedra é essa, que obstáculo é esse que ameaça paralisar a marcha das oposições maranhenses, com sérios reflexos no avançar das lutas populares por melhores condições de vida, igualdade de oportunidades, justiça social, por dignidade, enfim?
O problema é que José Reinaldo e Jackson Lago (como que alheios aos rumores dos setores sociais mais antenados às questões políticas) ainda não chegaram a um acordo em torno da tática a adotar: candidatura única ao governo, ou dois ou três nomes, no primeiro turno.
Para efeito de análise, imaginemos os cenários com uma e outra tática.
No primeiro, o partido de Jackson (lançado ao Governo) deverá estar coligado com o partido de José Reinaldo (apresentado para Senador) e, ainda, com as legendas do candidato a vice e do candidato a segunda vaga ao Senado. Teríamos, nesta hipótese, uma grande frente política liderada por Jackson e José Reinaldo, nomes naturais ao Governo e à primeira vaga ao Senado.
O segundo cenário contempla a hipótese em que teríamos dois ou três candidatos ao governo. O primeiro deles evidentemente seria o de Jackson Lago, governador eleito em 2006 e que teve seu mandato usurpado pela força e pela truculência de uma trapaça montada pela Oligarquia Sarney. O segundo e o terceiro nomes (em caso de três candidatos) seriam lançados por outros partidos da frente de oposições.
Até aí tudo bem. A pedra vai surgir no caminho no momento em que José Reinaldo, (mais forte e único nome natural ao Senado,) tiver que optar pela primeira, pela segunda ou pela terceira candidatura a governador.
À medida que José Reinaldo (nome natural ao Senado) optar por uma coligação que não seja com o candidato natural ao governo ele estará, inevitavelmente, enfraquecendo Jackson.
Jackson, por seu turno, estará desobrigado em relação à candidatura de José Reinaldo. Este cenário, salta aos olhos, é desastroso para as oposições maranhenses. É um cenário suicida.
Não creio que José Reinaldo e Jackson não percebam que estão condenados à unidade, à união, pois do contrário serão eles que estarão condenando as oposições a novas derrotas e o Maranhão a outros tantos anos de atraso e desolação. E é tudo que deseja a Oligarquia Sarney: a divisão das oposições e o enfraquecimento dos movimentos sociais em nosso Estado.
Afastadas de seu caminho as pedras das divisões, das intrigas, das ambições e das espertezas, as oposições maranhenses serão capazes de remover montanhas, enterrar os entulhos oligárquicos e descortinar o futuro!
*Haroldo Saboia, economista, advogado, Constituinte de 1988, escreve para o Jornal Pequeno todas as sextas-feiras. E-mail: haroldosaboia@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário!