sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Artigo de Haroldo Sabóia, uma avaliação com pé no chão.

CAMINHOS DAS OPOSIÇÕES EM 2010

Haroldo Saboia

Os debates em torno das diferentes táticas das oposições estão cada vez mais acirrados com a proximidade do quatro de outubro, prazo final de filiação partidária para as eleições de 2010.
Duas questões estão no centro de todas as elaborações teóricas e dividem diferentes campos oposicionistas. Lançar vários nomes ou apresentar uma única candidatura ao governo do Estado? Em outras palavras, buscar derrotar a Oligarquia logo no primeiro turno ou, com vários candidatos, levar as eleições pra o segundo turno? E o Senado, para o qual duas vagas serão preenchidas em um único turno eleitoral, o que e como fazer?
Como vemos são opções difíceis, que exigem das lideranças oposicionistas maturidade e coragem políticas. Antes de tudo, trata-se de, sem delongas, buscar o natural.
Após o golpe pela via judicial que afastou o governador eleito e deu posse à candidata derrotada, qual é o caminho a ser seguido? Entre os mais variados nomes colocados, quais aqueles que despontam naturalmente?
A resposta é simples. Para o governo do Estado é o daquele que, eleito pela vontade popular, teve seu mandato cassado: Jackson Lago.
E para o Senado, embora sejam duas vagas, é inegável, penso, que as oposições dispõem de um único nome natural, o de José Reinaldo Tavares. Enquanto governador, José Reinaldo rompeu com a Oligarquia Sarney, aceitou permanecer no cargo até o último dia de mandato, gesto decisivo pra a vitória da Frente de Libertação do Maranhão. Ninguém duvida que, fosse outro o seu comportamento, se tivesse aceitado os múltiplos acenos dos oligarcas, estaria hoje confortavelmente no Senado da República.
Jackson, candidato ao Governo, e José Reinaldo, ao Senado, juntos, poderiam com tranquilidade compor o restante da chapa considerando a pluralidade ideológica da sociedade, os movimentos sociais, os diversos partidos políticos e o peso das diferentes regiões do Estado.
Nada mais simples! Nada mais simples se não fosse o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade...
“No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra.”
E que pedra é essa, que obstáculo é esse que ameaça paralisar a marcha das oposições maranhenses, com sérios reflexos no avançar das lutas populares por melhores condições de vida, igualdade de oportunidades, justiça social, por dignidade, enfim?
O problema é que José Reinaldo e Jackson Lago (como que alheios aos rumores dos setores sociais mais antenados às questões políticas) ainda não chegaram a um acordo em torno da tática a adotar: candidatura única ao governo, ou dois ou três nomes, no primeiro turno.
Para efeito de análise, imaginemos os cenários com uma e outra tática.
No primeiro, o partido de Jackson (lançado ao Governo) deverá estar coligado com o partido de José Reinaldo (apresentado para Senador) e, ainda, com as legendas do candidato a vice e do candidato a segunda vaga ao Senado. Teríamos, nesta hipótese, uma grande frente política liderada por Jackson e José Reinaldo, nomes naturais ao Governo e à primeira vaga ao Senado.
O segundo cenário contempla a hipótese em que teríamos dois ou três candidatos ao governo. O primeiro deles evidentemente seria o de Jackson Lago, governador eleito em 2006 e que teve seu mandato usurpado pela força e pela truculência de uma trapaça montada pela Oligarquia Sarney. O segundo e o terceiro nomes (em caso de três candidatos) seriam lançados por outros partidos da frente de oposições.
Até aí tudo bem. A pedra vai surgir no caminho no momento em que José Reinaldo, (mais forte e único nome natural ao Senado,) tiver que optar pela primeira, pela segunda ou pela terceira candidatura a governador.
À medida que José Reinaldo (nome natural ao Senado) optar por uma coligação que não seja com o candidato natural ao governo ele estará, inevitavelmente, enfraquecendo Jackson.
Jackson, por seu turno, estará desobrigado em relação à candidatura de José Reinaldo. Este cenário, salta aos olhos, é desastroso para as oposições maranhenses. É um cenário suicida.
Não creio que José Reinaldo e Jackson não percebam que estão condenados à unidade, à união, pois do contrário serão eles que estarão condenando as oposições a novas derrotas e o Maranhão a outros tantos anos de atraso e desolação. E é tudo que deseja a Oligarquia Sarney: a divisão das oposições e o enfraquecimento dos movimentos sociais em nosso Estado.
Afastadas de seu caminho as pedras das divisões, das intrigas, das ambições e das espertezas, as oposições maranhenses serão capazes de remover montanhas, enterrar os entulhos oligárquicos e descortinar o futuro!

*Haroldo Saboia, economista, advogado, Constituinte de 1988, escreve para o Jornal Pequeno todas as sextas-feiras. E-mail: haroldosaboia@hotmail.com

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