sexta-feira, 14 de maio de 2010

A história de um GOVERNO POPULAR: DECIFRAR O GOLPE E CLAREAR O AMBIENTE

DECIFRAR O GOLPE E CLAREAR O AMBIENTE

Léo Costa, Sociólogo e ex-prefeito de Barreirinhas

Não é fácil decifrar o Golpe de Abril de 2009. No entanto, é preciso decifrá-lo, sob pena de jogarmos, mesmo sem querer, o jogo a favor dos que o perpetraram.
Quando o golpe se deu e o governador eleito pelo povo Jackson Lago teve de deixar o Palácio dos Leões, não foram poucas as vozes a murmurar intramuros ou mesmo em voz alta na imprensa no sentido de buscar culpados internos e bodes expiatórios nas hostes aliadas da Frente de Libertação do Maranhão.
Lembro-me de algumas tristes e tensas reuniões na sede do PDT maranhense. Entre maledicências e ingenuidades, apontavam-se erros, incompetências ou má fé de secretários tais e tais. Tais e tais comportamentos inadequados. As greves de tais e tais setores. O fechamento do palácio para receber essas ou aquelas organizações.
Não foi fácil desarmar aquela bomba relógio, nem desvencilhar a história dessa inacreditável armadilha psicológica.
Foi esse o motivo que levou o governador legítimo Jackson Lago a convocar o Encontro Estadual de 26 de setembro de 2009 realizado na Assembléia Legislativa do Estado. Naquele encontro o governador Jackson lembrou as centenas de militantes e simpatizantes de todo estado ali presentes da famosa análise do antropólogo Darcy Ribeiro a respeito do golpe militar de março de 1964 que depôs o presidente constitucional João Goulart.
Disse Darcy Ribeiro: “João Goulart não foi derrubado pelos erros de seu governo, mas pelos acertos de seu governo e de sua luta”. Este simples mas poderoso argumento cai como a mão na luva ao se examinar, sem paixões e sem preconceitos, a brutalidade dessa página obscura da história moderna do Maranhão.
Ecoando Darcy Ribeiro, pode-se dizer igualmente: “Jackson Lago foi derrubado na metade do seu mandato não em razão dos erros de seu governo mas pelos acertos desse governo e de sua luta”.
Ninguém melhor do que o velho oligarca José Sarney para farejar o risco real de extinção a que estava submetida a oligarquia sob o ataque democrático da Frente de Libertação do Maranhão, desde o seu nascimento, sua estruturação, sua vitória empolgante e seu governo em construção.
1. O Senhor Sarney jamais imaginava que a Frente de Libertação se constituiria. Ela se constituiu e se estruturou;

2. Achava que faturaria a conta no primeiro turno de 2006. Perdeu;

3. Envolveu pesadamente o Presidente Lula no segundo turno. Perderam.

O povo maranhense se libertou e a primavera democrática começou a tomar corpo em forma de governo popular, democrático e soberano:
· 180 escolas construídas em 2 anos de governo;

· A grande ponte sobre o Rio Tocantins em Imperatriz iniciada no governo de José Reinaldo e concluída no governo de Jackson Lago;

· A estrada Bacabeira- Turiaçú;

· O PAC Rio Anil;

· O Socorrão de Presidente Dutra;

· Os fóruns governo e sociedade;

· A nova regionalização preparando o Estado para a descentralização, a participação e o desenvolvimento das 32 novas regiões;

· A relação de confiança e de cooperação mútua entre o Governo do Estado e as prefeituras;

· O novo ambiente para os investimentos privados, sem os entraves da burocracia, da corrupção de agentes públicos e das parcerias forçadas e impostas aos empresários.

Quando o Governo Jackson com uma poupança interna calculada em 1 bilhão de reais preparava-se para o Projeto Águas Perenes da Baixada, para a revolução da infra-estrutura em São Luís e noutras regiões do Estado, construção de diversos Socorrões no interior, para a estrada Barreirinhas- Parnaíba, para a estrada Paulo Ramos- Arame, entre outras obras, veio o Golpe de Abril justamente em razão dessas centenas de acertos, do rol estimulante das ações realizadas e da marcha acelerada de tantas e tantas realizações.
A figura do governador deixou de ser a de um senhor de casa grande para ser o parceiro da democracia, da prosperidade e da inclusão social.
Mais do que ninguém o Senhor Sarney estava de antenas ligadíssimas, moveu céus e terra para abortar a primavera maranhense, porque sabia claramente que seria o seu fim político e de sua numerosa vassalagem dentro e fora do Maranhão. Afinal seria o efeito dominó da quebra da dominação no Maranhão com a perda de mandatos de governador, de senadores no Maranhão desdobrando-se até o Amapá e enfraquecendo a oligarquia no plano federal. Ele sabia disso. E nós?
Nós e todos os democratas que amamos e respeitamos o Maranhão temos o dever de decifrar e entender o sujo e ignóbil Golpe de Abril de 2009. Buscar suas razões nas deficiências de governo é encenar o triste papel de inocente útil.

4 comentários:

  1. De todas as mazelas deixadas pelo golpe restaram:
    A certeza de que podemos vencer a oligarquia.
    O gosto da mudança na cabeça de povo que não sabia o que era alternância de poder
    As lições para um governo novo mais amadurecido e preparado para os futuros golpes que serão preparados.
    A vontade pessoal deste maranhense, que um dia teve a oportunidade de morar nos Estados Unidos da America e ver de perto como se administra a coisa publica, de ver essa oligarquia cair de uma vez por todas

    ResponderExcluir
  2. Caro Eduardo,

    O artigo do companheiro Léo Costa é um chamado à reflexão do que representou o governo Jackson, com todos os seus defeitos e acertos. Foi um governo combatido pelo império de comunicação da família sarney mesmo antes de sua posse. Como não são democratas, logo após o resultado eleitoral de outubro de 2006, já começaram a conspirar. E, como todos sabemos, fizeram uso e abuso do que há de pior na nossa sociedade e nas nossas instituições para conseguir a fatídica cassação e o golpe de abril. Seguiram meticulosamente tudo aquilo que os serviços de inteligência norte-americanos desenvolveram para derrubar governos pelo mundo afora: uso ostensivo da mídia para exploração de fatos negativos, distorção dos fatos, divulgação de mentiras à repetição para passarem como suposta verdade(seguindo a máxima de um famoso ministro de Adolf Hitler), aproveitar todo e qualquer movimento reinvidicatório para jogar a sociedade contra o governo a todo instante, criar um clima de discórdia e uma opinião de que o governo seria igual aos anteriores,etc. Tanto o golpe de 1964 (Brasil) como o de 2009 (Maranhão) foram articulados contra as reformas sociais de que o Brasil e o Maranhão precisavam e precisam. E contra um presidente e um governador de profundo compromisso com as reformas sociais, com os ideais do trabalhismo, a democracia, a justiça social.
    Lembra muito bem o companheiro ex-prefeito de Barreirinhas as realizações do governo Jackson e o que as mesmas significariam para o Maranhão. Mas, a principal consequência seria a abertura política em nosso estado, um novo momento marcado pela alternância de poder que, a rigor, precisa ser feita ainda que tardia. O Maranhão clama por justiça social, liberdade, democracia política, instituições plenas e livres, desenvolvimento, progresso, dignidade.
    Perdemos uma batalha disputada nas cortes, mas a "mãe de todas as batalhas" - a das ruas e a da disputa do voto -, virá no próximo outubro, com eles no poder e ansiosos para não perdê-lo, com medo de uma opinião pública cada vez mais solta e livre em nosso estado, apesar de toda a "aquisição" de muitos de seus protagonistas políticos. Começa a se consolidar um sentimento muito forte no seio de nossa sociedade - o da realização de justiça! Qualquer maranhense de bem o carrega por todos os rincões de nosso estado. E creio que esse sentimento fará a diferença na próxima eleição. Vamos reconquistar o Palácio dos Leões para que o Maranhão tenha um governo do povo, para o povo e pelo povo.

    COMENTÁRIO DE IGOR LAGO

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário!